domingo, 10 de dezembro de 2017

A prece

A prece

Pude perceber que o sacrifício que você fez por mim
Não pude retribuir como deveria no nosso fim
Que não importa o quanto eu me entregasse
Não seria suficiente para que alguém levasse

Aquele arrependimento ou ação inoportuna
Que assombra o marujo mais experiente
Quando a tormenta se transborda na mente
A onda se propaga na oração noturna

A prece que não apaga e nem acende
A vela que busca um sopro de resposta
Da necessidade que não se entende
Quando nada mais nos importa

Perdoai aqueles que não se perdoam
Abençoai aqueles que não se doam
Na calamidade de sua própria conduta
Na fragilidade de sua própria luta

Perdoai aqueles que se ajoelham no altar
E ignoram o chamado do navio prestes a afundar
Abençoai aqueles que aceitam a sua trajetória
Inertes e clementes destruindo a sua história

Nunca me perdoei por não te perdoar
Da forma como você me fez sentir
Enquanto repreensão era o que podia dar
Nas escolhas de quem não sabe fingir

O lento naufrágio no mar de ressentimentos
Na mesma tragédia que se consome todo dia
Com os meus erros e incontestes sentimentos
Do dogma que nunca acreditei ser um dia

A liberdade de poder me aprisionar
Na minha vontade de escolher
Um oceano muito distante de você
Do qual eu não possa mais me culpar.


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