domingo, 31 de dezembro de 2017

Calendário



Tudo tem seu lugar e sua finitude
Assim como a vida no meio tem um ano
Que segue o calendário na plenitude
Ele não pára não importa o dano

E tudo o que se tem é tempo nessa vida
Mas não há dinheiro que compre um minuto
Não há preço pela (in)felicidade vivida
Não há quem controle o relógio absoluto

Em 365 dias muita coisa muda de espaço
A vida é sempre uma estrada em construção
A cada escolha se transforma em conurbação
Entre o passado e o futuro que cria o laço

Prendendo e libertando aquele sentimento
Reformulando uma força mágica de vontade
De promessas e mudanças, criar o próprio vento
Ser alguém que não olha pra trás com saudade

O novo, às vezes, pode ser o passado requentado
Uma energia extra para tentar seguir em frente
Deixando o mais incrédulo apenas apaixonado
Pela perspectiva do novo ali passando rente

Algumas vezes ninguém sabe aonde vai chegar
E nem como esse ano vai ser e acontecer
A ansiedade vira a única luz a se guiar
Mesmo que no verão demore a entardecer

O homem de muita fé tem dúvidas e questões
Ajoelha e reza para o calendário trocar a maré
Sente-se solitário no meio das multidões
Carrega a milhares de km sua mochila a pé

Cada um carrega seu próprio fardo e destino
Cabe decidir se num toque leve de desatino
Fiquem somente as coisas boas a carregar
A esperança, a empatia e o amor possam vigorar.


terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Promessas Vazias







Não sei quantas promessas fizemos desde a última vez
Sem atropelamentos, sem compreensão e sem rendição
Não sei quando a empatia deixou de ser a bola da vez
Nos entregamos a cada encontro como se fosse a única opção

Com uma frieza profissional tentamos seguir adiante
Até a próxima queda, até a próxima desilusão
Com um coração inquieto e um olhar sempre distante
A vida tenta seguir e voar para mesma a direção

Nós fingimos ser o dono do próprio nariz
Estufando o peito e falando "sou o que sempre quis"
Até o próximo convite para a eterna perdição
Ajoelhado e implorando mais um pouco de paixão

Um sentimento que no outro dia deixa o vazio
Um pinball e um quebra-cabeça a se resolver
De alguém que não encontra a si mesmo
Mas encontra a todo mundo querendo esquecer

Não lembrar como foi a última noite em vão
A última vez que pode sentir o coração
Persistindo no mesmo erro e estrada
Como o tudo que significa nada

Todas as noites de amor e alegria
Foram sonhos de algumas horas
Todas as noites de glória e euforia
Foram apenas todas garrafas vazias

É tão forte que é o mais próximo de companhia
Aquilo que traz vida também traz agonia
É preciso arrumar todas as pontes quebradas
As conexões que estão a ti engatadas

Preso no emaranhado de falsas sensações
Escravo do gostinho de não quero nunca mais
Que ludibria todas as verdadeiras emoções
As quais não as encontramos nos jornais

Escrevendo a história com final feliz
Porque no fundo nós queremos acreditar
Que ela pode ser reescrita em giz
Nos braços de alguém que possa nos amar...


domingo, 10 de dezembro de 2017

A prece

A prece

Pude perceber que o sacrifício que você fez por mim
Não pude retribuir como deveria no nosso fim
Que não importa o quanto eu me entregasse
Não seria suficiente para que alguém levasse

Aquele arrependimento ou ação inoportuna
Que assombra o marujo mais experiente
Quando a tormenta se transborda na mente
A onda se propaga na oração noturna

A prece que não apaga e nem acende
A vela que busca um sopro de resposta
Da necessidade que não se entende
Quando nada mais nos importa

Perdoai aqueles que não se perdoam
Abençoai aqueles que não se doam
Na calamidade de sua própria conduta
Na fragilidade de sua própria luta

Perdoai aqueles que se ajoelham no altar
E ignoram o chamado do navio prestes a afundar
Abençoai aqueles que aceitam a sua trajetória
Inertes e clementes destruindo a sua história

Nunca me perdoei por não te perdoar
Da forma como você me fez sentir
Enquanto repreensão era o que podia dar
Nas escolhas de quem não sabe fingir

O lento naufrágio no mar de ressentimentos
Na mesma tragédia que se consome todo dia
Com os meus erros e incontestes sentimentos
Do dogma que nunca acreditei ser um dia

A liberdade de poder me aprisionar
Na minha vontade de escolher
Um oceano muito distante de você
Do qual eu não possa mais me culpar.