Quando se fecha os olhos e não se esquece
Aquela eterna lembrança aparece
O sonho que todo mundo deseja e merece
Mesmo no paraíso não esqueça seu alicerce
Dias e noites a procura de um lugar
Onde pudesse os fantasmas exorcizar
Para finalmente pode me reencontrar
Reconstruir e bater as asas para voar
Com a cabeça nas curvas do seu sorriso
E os pés sobre o escorregadio chão
Tudo passa pelos teus olhos nessa direção
Com asas quebradas o voo se torna impreciso
Assim como o futuro de quem espera
Os dias certos para poder sonhar
A flor não aguarda a primavera
Para conseguir o seu desabrochar
Tempos andando em areias movediças
Momentos como castelos de areias
Pensamentos com várias dobradiças
Corpo sem sangue nas veias
Entre paredes rachadas, muros caídos
Entre tijolos soltos, forros partidos
Em meio ao estralo que precede o desabamento
Entre o teto no chão, vigas em movimento
As tuas raízes mais entrelaçadas na minha fundação
Onde a onda beija o mar depois da rebentação
És a sustentação do meu firmamento
És a transformação do meu sentimento
O concreto se cimenta junto ao abstrato
O rejunte impermeabiliza a tristeza
O acabamento que nunca traz a sua real beleza
O momento que vira num instante um retrato
Coração de caminho obscuro e tortuoso
Sem base tudo na vida torna-se sinuoso
Assombroso como o dia que não amanhece
Quando não eu te vejo meu alicerce...