quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

O Alicerce

 O Alicerce

Quando se fecha os olhos e não se esquece
Aquela eterna lembrança aparece
O sonho que todo mundo deseja e merece
Mesmo no paraíso não esqueça seu alicerce

Dias e noites a procura de um lugar
Onde pudesse os fantasmas exorcizar
Para finalmente pode me reencontrar
Reconstruir e bater as asas para voar

Com a cabeça nas curvas do seu sorriso
E os pés sobre o escorregadio chão
Tudo passa pelos teus olhos nessa direção
Com asas quebradas o voo se torna impreciso

Assim como o futuro de quem espera
Os dias certos para poder sonhar
A flor não aguarda a primavera
Para conseguir o seu desabrochar

Tempos andando em areias movediças
Momentos como castelos de areias
Pensamentos com várias dobradiças
Corpo sem sangue nas veias

Entre paredes rachadas, muros caídos
Entre tijolos soltos, forros partidos
Em meio ao estralo que precede o desabamento
Entre o teto no chão, vigas em movimento

As tuas raízes mais entrelaçadas na minha fundação
Onde a onda beija o mar depois da rebentação
És a sustentação do meu firmamento
És a transformação do meu sentimento

O concreto se cimenta junto ao abstrato
O rejunte impermeabiliza a tristeza
O acabamento que nunca traz a sua real beleza
O momento que vira num instante um retrato

Coração de caminho obscuro e tortuoso
Sem base tudo na vida torna-se sinuoso
Assombroso como o dia que não amanhece
Quando não eu te vejo meu alicerce...


sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Molho da vida



Se eu dizer que meu crepúsculo está perto
E que essa vida a todo momento é o certo
O derradeiro instante vira a esquina
O retrato na estante se aproxima

Para lembrar que às vezes o tempo passou
Quem dera que fosse em teus fortes abraços
Quem dera que fossem os dogs seguindo meus passos
E a lágrima pelo doce momento alagou

O travesseiro com todas as palavras não ditas
As promessas não cumpridas e os erros na televisão
Naquele canal que mostra de forma erudita
O quão a vida de alguém pode ter sido em vão

Se esse fosse meu último molho pesto
Eu te diria com todo o meu respeito
Teria sido o melhor que comi pelo seu capricho
O tempero da tua delicada mão é o bicho

Se pudesse escolher uma lembrança
Enquanto adormeço lá fora escurece
Poderia ser teu riso que me enlouquece?
Ou teu olhar no meu com esperança?

Ah que o triste o meu pobre desatino
De quem tem um pesadelo e fica em transe
E espera que o girassol aponte o destino
De quem ganhou nessa vida mais uma chance

Mas se eu pudesse novamente despertar
Quantas coisas vou ter que mudar?
Poucos têm esse momento tão sublime
De que caminhar vazio é um crime

Nessa montanha russa de mundo tão perene
Eu desejo que a sorte então me acene
Eu encontre nos teus olhos novamente a paz
E que a felicidade nunca olhe para atrás...



Para complementar com a foto (:

sábado, 9 de novembro de 2019

Sincronia Natural


Sincronia Natural

Há tantos dias nublados
Há tantos pássaros amuados
Eles buscam suas sementes
Eles ofuscam suas mentes

Esperando por uma luz para guiar
A hora certa de bater as asas
A flor aberta para beijar
Onde nossos braços fazem casas

Nos seus galhos eu acho meu lar
Na sua raiz admiro a profundidade
De quem diz tudo num olhar
De quem traz paz e canto para a cidade

Mesmo nas partes mais delicadas
Eu me arrisco por inteiro
Eu não tenho mais medos das quedas
Na confiança não há espinheiro

Do seu caule frondoso e gigante
Me faz sentir uma fortaleza
Em meu repouso ou olhar distante
Me faz um tolo de tanta beleza

Se um dia você cair e beijar o chão
Eu te levo em minhas asas por milhas
Ao nosso lugar secreto: país das Maravilhas
Onde toda flor se planta no coração

Suas folhas me protegem do sol
Mas não há luz maior a que reflita
Que o meu coração insistentemente grita
Quando eu vejo no deserto o meu girassol

Suas flores têm o néctar da magia envolvida
Daquelas que alegram beijo após beijo
Seus frutos dão a continuação do desejo
De que semearemos muito amor em outra vida...


domingo, 12 de maio de 2019

Estrela Guia

Estrela Guia
 
Todas as vezes que eu perdi o horizonte
Eu sabia que tinha a quem recorrer
Toda as vezes que dormia debaixo da ponte
Eu sabia que tinha quem ia me acolher

Não importa o que fizesse lá estava ela
Esperando eu voltar sentada na janela
Com um olhar de quem sabia o que queria
O escudo que sempre todo dia me protegia

Todas as vezes que a vida me batia
Ela secava minha lágrima e ferida
Todas as vezes que o joelho cedia
Ela me dava a fé e amor sem medida

Todas as vezes ela sempre me dizia
"Não tive ninguém para ser perdedor"
Lembre-se de onde veio e sempre sorria
Para me levantar independente da dor

Eu levanto dia após a dia com a minha espada
E a certeza de quem perdeu uma copa do mundo
De que dessa vida não se leva absolutamente nada
Talvez esse sentimento intrínseco e tão profundo

Alguns me chamam de louco pelo modo de viver
A vida é uma guerra eu não tenho mais nada a perder
Vivo para honrar e imerso em todo amor e gratidão
Que a minha estrela guia com toda sua imensidão...